Arte-política e os vestígios dos anos 80: Delson Uchôa e a imagética do tempo  

A pesquisa em desenvolvimento propõe investigar o arquivo imagético e as interlocuções presente no sistema das artes tendo como objeto as obras do artista alagoano Delson Uchôa a partir dos anos de 1980 para entender a arte-política nessa temporalidade histórica. Acreditamos na existência de vestígios na história capazes de nos contar sobre a luta, persistência e valorização da cultura presente no Nordeste que se propaga na forma expressiva de inquietude, posicionamento político e memória, destacando aqui sua participação na mostra Como vai você, Geração 80?, em 1984 no Parque Lage (RJ). A problemática, nesse contexto, desperta para a análise imagética do tempo - o do artista, dos acontecimentos no marco histórico e da imagem - concebido por ele e empilhado por camadas de memórias acumuladas em uma temporalidade anacrônica. Constitui em suas obras um híbrido entre parte da sua aprendizagem tradicionalista e o seu desenvolvimento a partir de questionamentos sobre a identidade cultural e o posicionamento sociopolítico. Compreendemos a trajetória do artista Delson Uchôa como um artífice da memória política presente no âmbito regional e nacional.  As relações polares entre as imagens apontam para modificações sobre os seus significados e representações. Seguiremos pistas conforme o procedimento metodológico posto pelo historiador Carlo Ginzburg, através dos vestígios encontrados nas imagens das artes visuais do artista em questão, fora da lógica apenas estilística, repletas de expressões que reverberam um dado momento político na história do país. A narrativa será desenvolvida através de três conceitos: tempo, memória e Arte-política.