Arquivos Urbanos de Salvador: Entre o arquivo fotográfico ZUMVI e o bairro de Pau da Lima

Atentar para outras narrativas possíveis para a história da cidade de  Salvador e apontar ferramentas metodológicas para outras formas de atuação enquanto arquiteta e urbanista constituem o objetivo principal deste TFG. Situado na confluência entre acervo fotográfico do Zumvi e o território de Pau da Lima, este trabalho discute memória e história, cidade e imagem, práticas e sujeitos, valorizando a oralidade e as trajetórias pessoais como parte de um saber arquitetônico que é cultura do cotidiano. Adentrar um arquivo significa se deparar com inúmeras histórias, lugares e gestos. Quando se trata de um arquivo fotográfico negro em Salvador, entrar no arquivo significa, para mim, tocar e ser tocada pelas imagens que emergem dele. Essas imagens revelam histórias de lutas, apontam lugares de reconhecimento e esboçam gestos de construção de uma cidade dentro de outra. A cidade vivida pela maior parte da população da cidade, que é negra e moradora do chamado Miolo de Salvador. Foi dessa forma que ao entrar no Arquivo Fotográfico Zumvi, localizado na Fazenda Grande do Retiro, olhei novamente para o lugar de onde venho, o bairro de Pau da Lima. E através de um gesto de percursos e escutas, trago para o meio acadêmico de formação profissionalizante, em arquitetura e urbanismo, a cultura arquitetônica existente no cotidiano desse território. A casa desponta como um elemento múltiplo, que se apresenta não só enquanto morada de gente, mas também como comércio, como lugar de cura, como lugar de fé, guardiã das mais diversas fontes constituintes de um arquivo urbano, aquele que se faz na cidade e para a cidade.